Porque o movimento social não se identifica
integralmente com o comunismo.O fato dele ter sido implantado e ter produzido
fundamentos teóricos alentados não significa que ele detenha obrigatoriamente a
primazia.Até porque estes fundamentos falharam...
Para mim aquilo que se convencionou chamar de esquerda
não começa com a indefectível e mui conhecida Revolução Francesa,mas com a 1ª Revolução
Inglesa de 1640.Ajudam-me nesta assertiva os autores Eduard Bernstein e
Christopher Hill,que encontraram no movimento dos Niveladores e Diggers mais do
que indícios de comunismo.
Os niveladores,ou “ cabeças redondas”,eram os
igualitários da época.Dois princípios sociais e políticos que ainda estão aí
nos Estados Unidos são bastante conhecidos:”In God we trust”(“ Em deus nós
confiamos”)e “ in Pluribus unum”(“ unidade na pluralidade”),que são duas idéias
que também permearam o movimento comunista e fazem do seu patrimônio.
Os “ diggers”(“cavadores”,”picaretas”)faziam o
mesmo que o MST hoje:as terras improdutivas,sem dono ou do estado inglês sem
uso,eram ocupadas por eles,os quais tomavam da picareta e faziam fundações,para
edificação de uma casa e de uma horta.
Mas ao longo do séculos seguintes outras tradições
se associaram à contestação do satus quo:o cristianismo,setores republicanos da
burguesia ,setores operários não identificados com o marxismo pessoas comuns,outsiders ,pra usar a expressão filosoficamente fundamentada de
Marcuse,trabalhistas,nacionalistas.
O marxismo,como sobejamente tenho explicado,”
garantiu” uma primazia ,porque vendeu a
idéia do “ socialismo científico”,com o corte epistemológico que
descarta o esforço dos outros,no passado(e no futuro).Esta mentalidade atinge
até hoje a humanidade e até católico cai nesta esparrela.
Mas a direita,que tem uma mesma estrutura
mental,defendo só o seu modelo,explora os erros do marxismo,como se fosse da
esquerda em geral e do cidadão(como eu)em particular.
O indiferentismo quanto sofrimento dos pobres foi criticada pelo republicano (burguês)Vitor
Hugo,nos “ Miseráveis”;pelo cristão Henri de Lacordaire e por Lamennais.No caso,este
último,se identificava mais com a direita do que com a esquerda.
Então esta polarização hoje no Brasil é falsa e só
interessa a estes dois lados fracassados que querem lotear o Brasil.
A postura dos democratas deve ser a de defender as
instituições e as suas necessidades reais,sem confrontar.Nenhum candidato,entre
eles o vencedor,se referiu ou se refere ao problema do desemprego,que só vai
ser amainado se as classes se sacrificarem um pouquinho.Não são os comunistas
que dizem isto,são as agências econômicas
e a monomania(depois da monomania da classe operária),agora ,em economia
de mercado,calcada no Chile e nos Estados Unidos.
E digo mais:os dois terços de brasileiros que não votaram no Presidente eleito concordam comigo.
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