domingo, 25 de novembro de 2018

Apóstolos Pedro e Paulo da democracia nos(me)ajudem daí de cima.


Este artigo continua com a exposição das minhas posições diante do quadro político brasileiro atual.O meu ponto de partida é a construção  que estes dois homens deixaram para nós:a democracia.
Desde os dias da redemocratização,em que eu jovem,participei modestamente(como hoje)da luta,que começara na minha infância,que prometi a mim mesmo respeitar estes dois pilares da civilização moderna:a democracia e o direito.Naquele então eu pensava poder conciliar a minha visão comunista com eles,mas hoje ,como tenho demonstrado em muitos artigos ,não.
E também ,em muitos outros artigos,a minha admiração por estes dois “ apóstolos” se consolidou cada vez maior,porque ambos representaram a evolução da classe média brasileira,para o papel que ela exerce históricamente na edificação dos grandes países:correta,anti-corrupção,democrática e jurídica.
Alguns radicais idiotas e pouco lidos,nas redes,acusam a classe média brasileira de ser fascista,mas a classe média brasileira não o é.Ela passa pelo processo evolutivo típico de  todas as classes médias da História:da pura fruição dos bens materiais e de sua liberdade correspondente ela se engaja na defesa de seus interesses e os da nação,que ela ,em grande parte ,sustenta.
Em artigo de muitos anos atrás e depois de minhas pesquisas históricas, verifiquei que as candidaturas aos governos de Minas e de São Paulo em 1960,respectivamente de Tancredo Neves e Ulysses,representavam um salto de qualidade da classe média em direção ao seu destino.
Só que,no interior do antigo PSD,Juscelino barrou estas campanhas,mostrando as contradições deste bom político brasileiro e do Brasil:Juscelino tinha uma sincera relação nacional e desenvolvimentista com o Brasil,mas mentalmente pertencia ao passado das práticas tradicionais do Brasil e não via mais adiante,como o estadista Vargas.Era impulsivo,determinado,mas sem uma visão histórica.
Esta visão se adquiriu com estas duas figuras que eu homenageio agora.Mas não se trata de laudação,mas de reconhecimento de que antes mesmo da eleição de Bolsonaro,as tarefas legadas por eles continuavam atuais.Com a sua eleição,elas ficaram obrigatórias.
Eu me identifico mais com a figura de doutor Ulysses,sem desdouro à de Tancredo.


Assim como o apóstolo Pedro se encarregou da Igreja e sua difusão e administração,Tancredo viabilizou o governo democrático.Assim como Paulo reformulou conservando,os fundamentos do cristianismo,o doutor Ulysses formulou os fundamentos da democracia para os anos vindouros,estes desassisados e perigosos,que vivemos.
À propósito ,quem  expressou melhor o papel histórico de Tancredo  ,na noite de sua morte,foi o rabino Henry Sobel,comparando-o a Moisés:viabilizou  a travessia,mas não viu a terra prometida,nos ensinando que o poder democrático é a sua divisão.Tancredo deixou para nós a tarefa de exercer o poder segundo as balizas democráticas.
O maior nazista do Brasil,Adirson de Barros,imbecilmente,acusava  o doutor Ulysses de ser o “ Kerenski brasileiro”.Numa analogia abstrusa com o Presidente russo ,socialista revolucionário,Alexandr Kerenski,este nazista afirmava que confiando demasiado nos comunistas de Lênin,havia sido atropelado por eles,os quais fingiam respeitar a democracia.
Num livro famoso “A doença infantil do esquerdismo no comunismo” Lênin ridicularizava os radicais do comunismo que se recusavam a participar dos parlamentos burgueses:para ele usar estes parlamentos,dividindo a burguesia,era tarefa óbvia dos comunistas,no afã,de novo segundo Lênin,de abrir caminho para a revolução comunista.
Este “ aconselhamento” à desonestidade política,foi base da atividade comunista em todo o mundo,no século XX,mas ele é contido cada vez mais pelos setores democráticos ,principalmente no ocidente,diante dos crimes que o movimento insistia em cometer.
Mesmo os comunistas do ocidente,num diálogo com estes setores(Lênin diria da burguesia),preocupados em legitimar,nacionalmente,as suas atividades,decidiram incorporar a democracia aos seus planos,contra Lênin,não mais a considerando  mera mediação,mas finalidade.O conceito de “ coexistência pacífica” de Kruschev,a possibilitou e reproduziu (dialeticamente[e talvez na ordem inversa]).
O doutor Ulysses,como Jango,jamais foi comunista,mas esta admissão dos comunistas no âmbito das liberdades democráticas,sempre lhe causou problemas.A vinculação dos ciomunistas,de 56 em diante,com a democracia foi sempre acusada de pura falsidade pela direita,mas este políticos centristas nunca reprimiram quaisquer grupos que interagissem com a democracia.
Após a derrota da emenda das diretas,o doutor Ulysses,alcunhado então de “ senhor Diretas”,quis insistir nestas eleições,porque desejava legitimamente,como líder da redemocratização,se candidatar à Presidente da abertura.Os comunistas(naquele tempo eu podia dizer nós)o convenceram a abrir mão desta intenção em favor da melhor chance que Tancredo tinha no colégio eleitoral(para maior grandeza de Ulysses).Todas estas variáveis,poderiam colocar Ulysses como mero joguete da esquerda comunista minúscula,mas que teve um compromisso democrático real.Mas ele foi sempre maior do que estes cabriolés políticos.
O Doutor Ulysses teve a oportunidade histórica e por sua luta,de expressar o que podia ter sido se tivesse se candidatado ao governo de São Paulo em 1960 e vencido:uma nova classe média,apta a apoiar uma evolução civilizacional necessária do Brasil,posta e possibilitada pela aliança montada por Getúlio ,em 1945,entre o PSD,partido da classe média,e o PTB,da classe operária.Com esta aliança do mundo do trabalho o Brasil atingiu os níveis de progresso (e felicidade)do governo Juscelino.
Quem,como eu,participou da redemocratização,nunca viu tantas discussões e projetos para o Brasil como naquele tempo.Era o mesmo clima de Juscelino,que acabou com a  morte de Tancredo.Havia a esperança de que,com a presença de Ulyses,ele voltasse,mas aí é outra História.
A minha posição,hoje,é a de Ulysses e significa continuar esta luta.A única coisa que me diferencia dele é a minha posição em face dos radicais:eu os repudio,pelas razões a que tenho aludido nos meus trabalhos e digo que não há motivo para atribuir-lhes mais poder e influência do que uma Kombi,andando vazia na noite.
A democracia vai continuar e no futuro vai transformar o Brasil numa Suécia,multirracial,miscigenada,solar e mais charmosa ainda.
Tancredo_______________________São Pedro
Ulyssses________________________São Paulo



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