Tenho
sempre que voltar aos mesmos temas que reitero porque fica sempre
alguma coisa sem compreensão de quem me lê.
Os
que acompanham o processo de impeachment de Trump têm percebido que
este presidente tem tudo para se salvar ,na medida em que se coloca
ao lado do americano médio,que se sente esquecido pelas visões
internacionalistas da esquerda.Aliás foi isto o que garantiu a
eleição de Trump e eu já analisei o fato na época do pleito.
Mas
agora as consequencias deste posicionamento de Trump criam outros
problemas de compreensão quanto ao problema nacional e a minha
visão.
Para
mim é um falso problema colocar internacionalismo e nacional (não
exaltação nacionalista)contrapostos.O internacionalismo dos
comunistas e marxistas é que confundiu isto tudo.
Por
causa da posição de Trump os imigrantes ficaram de fora
,excluídos,notadamente os latinos,que fizeram,inclusive uma marcha.
Porque
não pode haver um entendimento mundial para que os povos mais ricos
ajudem os mais pobres a sair da miséria e prover os seus nacionais
da maneira certa?Existem muitas e muitas justificativas para não
fazer,mas é tudo falso.
O
modo como agem as grandes potências,eu já disse,regula com o seu
passado colonial,imperialista.Muito embora não exista mais um
imperialismo,como dominação militar ou civil sobre as colônias,a
obra da colonialismo continua aí.
Joaquim
Nabuco disse que a escravidão tinha acabado,mas que sua “ obra”
continuaria por muito tempo.O mesmo se diz do colonialismo.
Florestan
Fernandes explicou como funcionava o pacto colonial:a metrópole
domina a colônia através de uma elite(chamada na américa latina de
elite “ criolla”,” creóle).Isto acontece porque esta
elite,além de dominar mais eficazmente a colônia serve de mercado
para os produtos altamente valorizados da metrópole.Nós todos
sabemos:a metrópole extrai as matérias-primas da colônia,leva para
ela própria ,produz bens de qualidade,que são consumidos pela elite
citada,capaz de comprá-los.Mas o povo autóctone não tem condições
de fazê-lo,pois os seus salários são baixos,propositalmente
baixos,para explorar a mão-obra destes lugares e ganhar com esta
super-exploração.
O
café brasileiro ainda vive no meio deste esqueminha.Repito:ainda que
não haja mais imperialismo,a sua “ obra” continua aí.O mesmo se
diz do futebol.
Todas
estas crises envolvendo Alemanha e Grécia,Siria e Europa,pirataria
no chifre da Àfrica, são a continuidade desta “ obra”.
As
elites autóctones permanecem lá ,usufruindo do esqueminha.Quando
ocorre algum tipo de descontinuidade,por qualquer motivo,este esquema
se revela.Vejamos na Siria:quando o velho Assad foi substitutido pelo
filho,certas alianças entre as elites locais e a Europa se
esboroaram,enfraquecendo o governo.Isso permitiu a criação de uma
oposição ,legitima,que sem conseguir o poder ,enfraqueceu todo o
sistema politico,originando uma guerrra civil,a qual abriu um
vácuo,ocupado por aproveitadores(Estado Islâmico).Até aí tudo nos
conformes.Mas porquê as potências européias não invadiram a
Siria para proteger a população indefesa?Porque os Estados Unidos
não foram lá?Apesar de ser certo que a ONU deveria ter
entrado,porque ninguém deu força a esta ideia óbvia?Porque os
interesses dos EUA,da Europa,não permitiram.Não era possível no
entender destes interesses se opor à Rússia,aliada da Siria.E a
Rússia faz a aliança com esta ditadura para justamente não
permitir que estes interesses hegemônicos,desde o
neo-colonialismo,prosperem sozinhos,tranquilamente.
Se
não fosse assim,no entanto,as potências entrariam e colocariam lá
elites semelhantes para dar continuidade à inana.Algo parecido
ocorreu na Libia.
Trump
,no seu furor nacionalista é um hipócrita porque ele sabe que os
EUA e o G-7 precisam eventualmente desta mão-de-obra barata,a “
obra” do imperialismo prosseguindo.Se no passado esta mão-de-obra
ficava no seu lugar ,hoje ela migra de acordo com as conveniências
da metrópole.
Trump
obteve dividendos eleitorais ,obteve ganhos mercadológicos,dinamismo
econômico,mas ele sabe e todo mundo sabe que sem proposta não vai
prescindir a longo do prazo do retorno destes trabalhadores de fora.A
não ser que as nações se emancipem e se tornem auto-suficientes o
problema vai continuar.E Trump só enxerga a ponta do nariz,não mais
do que isto.
Quando
aconteceu o 11 de setembro muita gente propõs um plano Marshal para
o Orienvte de modo a acabar com a miséria destes países e terminar
o ressentimento deles contra a metrópole.Eu e Maria da Conceição
Tavares rimos muito disto aí:em primeiro lugar o oriente muçulmano
apenas é quase quatro vezes maior que a Europa Ocidental;em segundo
isto daria mais hegemonia às potências centrais,o que não seria
aceito por ninguém,muito justamente.
O
que tem que ocorrer,e eu acho que isto é o inicio de uma
constituição jurídica de uma comunidade universal e politica de
fato é a superação da “ obra” do pacto colonial,emancipando de
fato as nações todas,individualmente e/ou por regiões,contando
para isso com a ajuda de todos,dos mais ricos para os mais pobres.Os
interesses reincidentes da colonialismo,no entanto,permanecem.