sábado, 30 de março de 2024

O fim do modelo sueco Que eu defendi?

 

Noticias vindas da Suécia dão conta de que a criminalidade aumentou terrivelmente  e que isto desfaz os meus argumentos em defesa dos  países nórdicos,como modelo.

Em primeiro lugar,nunca me referi a modelos.Modelo é uma coisa muito perigosa porque embota.Nos estudos que faço sobre a utopia entendo eu há certas experiências ou realizações que estão mais perto da utopia do que outros.

Nunca vendi a idéia de que tudo nestes lugares é perfeito:existe uma pobreza nestes países,que não tem nada a ver com a pobreza e a miséria de outros locais.Nunca neguei que houvesse crime  nestes países:na ocasião em que eu tratei destes problemas eu ressaltei a existência de crimes,a questão do suicídio e apontei lá soluções eventuais,especialmente no caso da Suíça,em que este índice especifico é muito alto.

Estes estudos me fizeram entender(mas antes o filme de Kubrick “ Laranja Mecânica”)que embora exista uma relação sim entre crime e miséria ,esta não se reduz a isto.

Eu pensava como o Stalin(e os nazistas)e que não havia uma natureza humana,só vontade,mas existe sim(virei um pouquinho tomista).

Há crimes,fenômenos  de crime,que dizem respeito a esta natureza humana e aí eu meu lembro de um dos poucos conceitos de Calvino(o ditador de Genebra)que fazem sentido para mim: “cabeça vazia...oficina de ...Satanás).

É um problema geral da utopia a questão de como usar o tempo e de como o seu mau uso repercute na humanidade.

Há uma pintura de Bruegel,o Velho,um dos meus pintores preferidos, sobre a utopia do “ Pais de Cocagne”,onde tudo nasce em árvores:almoços,jantas,sempre opulentos.É só colher.


Como se vê no quadro as pessoas beneficiadas pelo “país de cocagne” ficam de boca aberta,deitadas,sem fazer nada.

Numa sociedade totalmente ideal e perfeita só tem duas atitudes possíveis :ou aceita-la ou pela educação coletiva encontrar finalidade na vida.Desde já tal já me coloca a certeza de que não existe este ideal e que portanto nunca elaborei um modelo.

A URSS e o a socialismo que se pretendiam uma forma de “país de cocagne” apresentaram distorções e recuos ainda mais horrorosos.

A biblioteca da URSS que meu pai tinha aqui em casa ficou comigo e eu achei lá um livro de um jurista soviético tentando compreender porque num país “ sem problemas”(o estado dava tudo)ainda se via incidência de crimes graves(além de suicídio).Estou preparando um texto sobre este livro.

Modelar uma utopia não só não a garante como a desarrazoa ,mais cedo ou mais tarde.Desde Platão.

Retornando,na hora de concluir,ao adágio protestante/calvinista ,eu aconselhei sobre estes países uma força /tarefa de psicólogos para evitar suicídios.Crime é um problema mais complexo e que me reporta para uma questão que ainda espero discutir aqui:a finalidade da vida é produzir coisas,criar coisas,ocupar o tempo com coisas elevadas e de escolha livre dos homens.Este era o objetivo final do comunismo de Marx,criar tempo livre para permiti-lo.Permitir a todos o que só a s classes tiveram até hoje.


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