Noticias vindas da Suécia dão
conta de que a criminalidade aumentou terrivelmente e que isto desfaz os meus argumentos em defesa
dos países nórdicos,como modelo.
Em primeiro lugar,nunca me
referi a modelos.Modelo é uma coisa muito perigosa porque embota.Nos estudos
que faço sobre a utopia entendo eu há certas experiências ou realizações que
estão mais perto da utopia do que outros.
Nunca vendi a idéia de que tudo nestes
lugares é perfeito:existe uma pobreza nestes países,que não tem nada a ver com
a pobreza e a miséria de outros locais.Nunca neguei que houvesse crime nestes países:na ocasião em que eu tratei
destes problemas eu ressaltei a existência de crimes,a questão do suicídio e
apontei lá soluções eventuais,especialmente no caso da Suíça,em que este índice
especifico é muito alto.
Estes estudos me fizeram
entender(mas antes o filme de Kubrick “ Laranja Mecânica”)que embora exista uma
relação sim entre crime e miséria ,esta não se reduz a isto.
Eu pensava como o Stalin(e os
nazistas)e que não havia uma natureza humana,só vontade,mas existe sim(virei um
pouquinho tomista).
Há crimes,fenômenos de crime,que dizem respeito a esta natureza
humana e aí eu meu lembro de um dos poucos conceitos de Calvino(o ditador de
Genebra)que fazem sentido para mim: “cabeça vazia...oficina de ...Satanás).
É um problema geral da utopia a
questão de como usar o tempo e de como o seu mau uso repercute na humanidade.
Há uma pintura de Bruegel,o
Velho,um dos meus pintores preferidos, sobre a utopia do “ Pais de Cocagne”,onde
tudo nasce em árvores:almoços,jantas,sempre opulentos.É só colher.
Como se vê no quadro as pessoas
beneficiadas pelo “país de cocagne” ficam de boca aberta,deitadas,sem fazer
nada.
Numa sociedade totalmente ideal
e perfeita só tem duas atitudes possíveis :ou aceita-la ou pela educação coletiva
encontrar finalidade na vida.Desde já tal já me coloca a certeza de que não
existe este ideal e que portanto nunca elaborei um modelo.
A URSS e o a socialismo que se
pretendiam uma forma de “país de cocagne” apresentaram distorções e recuos
ainda mais horrorosos.
A biblioteca da URSS que meu pai
tinha aqui em casa ficou comigo e eu achei lá um livro de um jurista soviético
tentando compreender porque num país “ sem problemas”(o estado dava tudo)ainda
se via incidência de crimes graves(além de suicídio).Estou preparando um texto
sobre este livro.
Modelar uma utopia não só não a
garante como a desarrazoa ,mais cedo ou mais tarde.Desde Platão.
Retornando,na hora de concluir,ao
adágio protestante/calvinista ,eu aconselhei sobre estes países uma força
/tarefa de psicólogos para evitar suicídios.Crime é um problema mais complexo e
que me reporta para uma questão que ainda espero discutir aqui:a finalidade da
vida é produzir coisas,criar coisas,ocupar o tempo com coisas elevadas e de
escolha livre dos homens.Este era o objetivo final do comunismo de Marx,criar
tempo livre para permiti-lo.Permitir a todos o que só a s classes tiveram até
hoje.
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