segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Esclarecimentos II Os ricos são maus ,os pobres são bons

 


Completando o artigo anterior algumas coisas ainda devem ser ditas. Este milenarismo geral,tanto da esquerda quanto da direita, é pura demagogia,pura manipulação.E tal procedimento atinge também a sociedade civil.

Não há ninguém que não necessite de legitimação,de apoio e de ...dinheiro,da maioria das pessoas.A História,no entanto,já provou que para mudar a sociedade os remédios são amargos.Amargo quer dizer que há no conceito de mudança uma exigência de ruptura.

A experiência humana não se rompe.Mesmo nas revoluções uma coisa fica outra vai.Quero dizer,mesmo nas revoluções fica algo do passado,em meio à afirmação constante do presente,condição do futuro.

Talvez por isto Hegel tenha elaborado o conceito de aufhebung ,superação\assimilação,para designar aquilo que está na bandeira brasileira ordem e progresso .Mudar conservando.

Num determinado plano porém , a ruptura se não é total,tem que ser consistente:no plano psicológico,a qualquer custo e pena.

E as mudanças,com a revolução,se dão pelas convicções,não pela conveniência .

A busca de leitores por parte de um jornal o impede de dizer a verdade,mas de submeter o trabalho intelectual aos imperativos da vitimização.O intelectual,embora disto não dependam os seus ganhos,quer reconhecimento e prestigio(eventualmente poder) e não os obterá se não conseguir o apoio de todos.

Como eu disse no outro artigo o povo brasileiro é como todos os outros,tendo as mesmas qualidades e possibilidades,mas além daquelas faltas citadas,há uma outra decisiva:o ethos do trabalho que não é identificado com emprego,mas iniciativa individual,disciplina para realizar coisas a partir de si mesmo.

Há barreiras sim.Somos um país de capitalismo autárquico,dependente do estado(com exceção talvez de São Paulo),mas existem também aberturas ,as quais devem aproveitar aqueles que podem(principalmente se forem militantes de esquerda).

Não se justifica não agir assim,individualmente,por causa do medo de afirmar o capitalismo,numa visão idealizada deste modo-de-produção. Idealizada como é toda “rejeição religiosa do mundo”, no dizer de Max Weber.

O povo brasileiro é hedônico e  autoreferente. Gosta de festa o tempo todo,talvez para esquecer problemas...Não sou contra,até porque gosto de festa(embora na velhice já não possa).

Contudo ele tem características  que explicam o seu atraso:ele é em grande parte tutelado,como explica Gilberto Freyre,por influência da religião católica e como pontifica Rousseau no “Contrato Social”.

Mas igualmente  seguindo esta religião,por causa do paradigma da casa-grande e senzala,uma especificação da sociedade arcaica e hierarquizada em que vivemos.

 

Ele é imediatista porque não vê senão a realidade á sua volta.Não relacionas as suas escolhas com as necessidades gerais  e transcendentes de cidadania e de republica.

Se escolhe um modelo  e este modelo tem uma maioria é o que deve prevalecer,quando ,no plano coletivo da cidadania,há que se considerar os interesses dos outros.

Uma das razões da maturidade da humanidade,no plano geral e individual,segundo Kant, é o reconhecimento transcendente do outro,do outro de razão(de sentimento,de realidade e etc.)e o brasileiro ainda não chegou a esta “revolução racionalista”.

Apesar dos espaços conquistados de democracia e mobilidade social ascendente o que predomina hegemonicamente é esta velha estrutura.

Lembrando Foucault,as leis podem ter mudado,mas a s consciências e  a prática continuam no passado(Vigiar e Punir).

Há momentos na História em que as elites ou pessoas responsáveis tomaram para si a tarefa de romper com esta demagogia:Lenin,que rompeu com os critérios da social-democracia;o czar Pedro I ,o Grande,que disse aos russos que ele os mudaria,num sentido ocidental;as revoluções inglesas e a francesa.Mas eu ressalto um único caso,proveniente da esquerda comunista,que,para mim,resume tudo o que eu estou dizendo aqui:o caso de Togliatti,nos anos 50 do século passado ,que se colocou contra os militantes do partido,que queriam tomar o poder,sendo impedidos por ele,pelas razões óbvias de que a quebra da democracia italiana traria mais prejuízos do que vantagens e era algo ilegítimo.

Chegou a hora de alguém não sucumbir ao vitimismo e à demagogia.

 

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