Também
faço textos sobre como se deve ler Hegel nos dias atuais e depois de tantas
criticas ,nos últimos duzentos anos.
A
rigor Hegel é 50% de direita e 50% de esquerda e na mesma proporção mau e bom.
E
ele é assim dentro do espirito de sua época ,em que se igualava a figura do
mal(do diabo) e do bem.Dar uma chance ao mal,ao diabo,dialogando com ele,era
algo um tanto quanto generalizado e genérico.
Todo
mundo sabe que não há como explicar Hegel
sem a reforma protestante,sem Lutero.E Lutero e o protestantismo modificam a
relação do homem com o diabo,com o mal.
Mas
a posição deles era de confrontação e superação.Em Hegel ,no amago da sua
proposta de dialética total,há uma certa incorporação deste principio ao
processo e tal atitude é consentânea com certos setores da reforma e do
pensamento que deriva dela.
Nós
pensamos na figura de John Milton ,em seu “Paradise Lost”,em que Lúcifer,o anjo
decaído,tem que “ pedir permissão” a Deus para ficar na sua posição de “chefe”
do inferno.Ele diz que “a vingança é minha” e Deus o permite como parte do
livre-arbitrio humano ,como arte da necessária aprendizagem humana do mal:ouvir
o canto de sereia de Lúcifer.
Aproximando-se
o século XVIII a figura de Fausto,o alquimista que fez o pacto com o mal ,suprime
e dilui o livre-arbitrio para estabelecer um diálogo diferente ,tornando-o inclusive
produtivo,capaz de ajudar ao homem na sua luta por liberdade.
Hegel
(me)parece ir nesta direção,porque na sua dialética(e na dialética posterior de
outros pensadores)o principio do movimento
precede e desqualifica o livro-arbitrio e põe o mal como condição
legitima e natural da evolução do Ser e do Homem.
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