E o sistema de cotas
Sempre
fui a favor do sistema de cotas.Nunca sucumbi a estes argumentos abstratos que
dão conta das eventuais injustiças que este sistema acarreta,segundo alguns críticos.
Nunca
fui radical como Demetrio Magnoli e apoiei os critérios daqueles militantes
negros que afirmam que na falta de uma intenção politica de abordar o problema
da excludência do negro(e de outros setores da sociedade) era melhor correr o
risco do que ficar parado.Além do mais era e é uma iniciativa política com
chance real de efetivação,o que se revelou depois na sua aceitação e
continuidade atual.
Contudo,lamentavelmente,a
confiança depositada no movimento negro não teve contrapartida da parte
dele.Assim como os antigos militantes comunistas e o direito alternativo,o
movimento negro tem deixado acontecer um fenômeno muito grave na sua luta
legitima:nichos alternativos de poder negro estão repelindo brancos e ferindo o
principio da isonomia.
No
passado ,os comunistas ortodoxos acreditavam(o termo é este),que o paradigma da
luta de classes ,associado ao principio do materialismo dialético,autorizava a
falar numa moral comunista e numa moral não-comunista,burguesa(e outras que
tais).
Havia
uma ciência burguesa e outra comunista,proletária,que suprimindo o antigo
regime “ venceria” e mostraria a sua realidade e verdade legitima(pela força).
Também
a este caldeirão,à disposição do aprendiz de feiticeiro,aduzimos a nefanda concepção da “ consciência de classe”,de
Marx\Luckacs,que fundamenta a ruptura com a isonomia:o burguês,como explorador não
está sob os direitos humanos universais,cuja proposta foi dele.
Na
medida em que os negros e os pobres não obtêem as benesses desta isonomia,eles têm
o direito de obter ,não vantagens,mas compensações.O reconhecimento de sua
condição de explorados estabelece certas exigências,por parte do direito(e da
democracia).
Até
aí tudo bem:contudo,a ruptura da isonomia causa problemas igualmente sérios na
vida social e eu que vi estas propostas crescerem e as defendi( e as defendo
até este ponto aí)me sinto traído quando direitos de cidadania ,que me pertencem
também,são esbulhados.
Quando
um determinado grupo negro assume a maioria num certo lugar,quem não pertence a
ele,é expelido ou não reconhecido.
Ouço
falar destes problemas em muitos lugares,mas na OAB no Rio de Janeiro,tal fato
parece estar se dando.
Esta
tendência já é vista em outros locais,mas o que me chamou a atenção foi a minha
atividade de advogado que trouxe.
Não
vou substituir uma violência por outra ,nem uma forma de excludência por outra.
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