terça-feira, 5 de dezembro de 2023

O racismo reverso

 

E o sistema de cotas

Sempre fui a favor do sistema de cotas.Nunca sucumbi a estes argumentos abstratos que dão conta das eventuais injustiças que este sistema acarreta,segundo alguns críticos.

Nunca fui radical como Demetrio Magnoli e apoiei os critérios daqueles militantes negros que afirmam que na falta de uma intenção politica de abordar o problema da excludência do negro(e de outros setores da sociedade) era melhor correr o risco do que ficar parado.Além do mais era e é uma iniciativa política com chance real de efetivação,o que se revelou depois na sua aceitação e continuidade atual.

Contudo,lamentavelmente,a confiança depositada no movimento negro não teve contrapartida da parte dele.Assim como os antigos militantes comunistas e o direito alternativo,o movimento negro tem deixado acontecer um fenômeno muito grave na sua luta legitima:nichos alternativos de poder negro estão repelindo brancos e ferindo o principio da isonomia.

No passado ,os comunistas ortodoxos acreditavam(o termo é este),que o paradigma da luta de classes ,associado ao principio do materialismo dialético,autorizava a falar numa moral comunista e numa moral não-comunista,burguesa(e outras que tais).

Havia uma ciência burguesa e outra comunista,proletária,que suprimindo o antigo regime “ venceria” e mostraria a sua realidade e verdade legitima(pela força).

Também a este caldeirão,à disposição do aprendiz de feiticeiro,aduzimos a  nefanda concepção da “ consciência de classe”,de Marx\Luckacs,que fundamenta a ruptura com a isonomia:o burguês,como explorador não está sob os direitos humanos universais,cuja proposta foi dele.

Na medida em que os negros e os pobres não obtêem as benesses desta isonomia,eles têm o direito de obter ,não vantagens,mas compensações.O reconhecimento de sua condição de explorados estabelece certas exigências,por parte do direito(e da democracia).

Até aí tudo bem:contudo,a ruptura da isonomia causa problemas igualmente sérios na vida social e eu que vi estas propostas crescerem e as defendi( e as defendo até este ponto aí)me sinto traído quando direitos de cidadania ,que me pertencem também,são esbulhados.

Quando um determinado grupo negro assume a maioria num certo lugar,quem não pertence a ele,é expelido ou não reconhecido.

Ouço falar destes problemas em muitos lugares,mas na OAB no Rio de Janeiro,tal fato parece estar se dando.

Esta tendência já é vista em outros locais,mas o que me chamou a atenção foi a minha atividade de advogado que trouxe.

Não vou substituir uma violência por outra ,nem uma forma de excludência por outra.


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